A esta altura é provável que todo mundo já tenha ouvido falar do metaverso, tema que está em voga desde que Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, declarou no ano passado que sua empresa passaria a se chamar Meta — e voltaria seu foco para o mercado de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA).

 

O conceito  refere-se a um ambiente digital compartilhado e imersivo, no qual os usuários, representados por avatares (bonecos customizados em 3D), poderão viver, interagir, consumir e prestar serviços, por exemplo. Em outras palavras, pode-se dizer que trata-se de uma experiência tridimensional completa, em um mundo que sedimentará a cultura de uma vida mais virtual.

 

Novos tempos, novas possibilidades

O metaverso, porém, já existia em videogames. É o caso do Second Life, lançado em 2003, cujo objetivo era emular a vida real e social das pessoas no universo virtual. A iniciativa, contudo, não foi bem-sucedida, ainda que tenha atraído milhares de usuários — e muitos apontam a incapacidade de criar uma economia digital, aspecto fundamental para unir o mundo real ao virtual, como o principal motivo.

 

Hoje, porém, os tempos são outros — e incontáveis transações já podem ser realizadas em ambiente digital. Por exemplo, jogar um game de futebol e, no mesmo ambiente, adquirir a camisa oficial do time preferido para usá-la no próprio jogo — e, ainda, recebê-la em casa. Diversos especialistas, aliás, afirmam que é factível estruturar uma economia completa no mundo virtual por meio de tecnologia Blockchain, criptomoedas e NFTs (non-fungible tokens).

 

Imersão total e interoperabilidade

Atualmente, aliás, alguns games de grande sucesso utilizam elementos do metaverso. É o caso do Fortnite e Minecraft — entre outros — que oferecem a seus jogadores a possibilidade de se relacionarem socialmente no ambiente digital. É possível até mesmo marcar, com outros usuários, compromissos como, por exemplo, ir ao show virtual de algum artista famoso — que se apresentará, de fato, por meio de seu avatar.

 

As grandes marcas mundiais, por sua vez, têm reagido ao interesse cada vez maior pelo ambiente virtual para manter a conexão com seu público-alvo. Uma grande rede brasileira de lojas inaugurou, por exemplo, uma unidade dentro do Fortnite — e realizou uma ação interativa durante o evento. Vale ressaltar que, segundo a consultoria Gartner, cerca de 2 bilhões de pessoas estarão no mundo virtual até 2026.

 

Evidentemente, assim como  a própria Meta de Zuckerberg, titãs como  MicrosoftDisneyNVIDIA, entre outros, vêm investindo no metaverso. Faz sentido. Afinal, de acordo com a consultoria Newzoo, só a indústria de games faturou US$ 175,8 bilhões em 2021 — e a expectativa é que superará a marca dos US$ 200 bilhões ainda este ano. Todavia, não existirão barreiras entre os ambientes virtuais — já que a interoperabilidade será uma das principais características desse novo mundo.

 

Isso significa que, uma vez que os registros em Blockchain das NFTs e criptomoedas podem ser acessados de qualquer lugar, os usuários passarão de um ambiente digital para outro com todos os produtos, serviços e outros itens que adquirirem. Em outras palavras, será totalmente open. Aliás, é oportuno observar que já existe um grupo discutindo tal aspecto, denominado Open Metaverse Interoperability Group.

 

Um novo consumidor

Finalmente, deve-se considerar que o metaverso impactará diretamente na maneira de consumir — já que o ambiente será construído com base nas informações dos usuários e pela conexão com o mundo real. As possibilidades são infinitas: será possível, por exemplo, caminhar pela cidade e ser alertado sobre promoções, eventos, reservas no restaurante preferido e realizar operações em segundos, além de ir a eventos como shows, exposições e ao teatro, entre outros, sem sair de casa.

E tudo isso envolverá, naturalmente, a necessidade de mais eficácia nos meios de pagamento e na conectividade, entre outros fatores, bem como a implementação de infraestruturas tecnológicas preparadas para fornecer armazenamento e largura de banda suficientes — além de modernização e aprimoramentos nos data centers. O metaverso pode ser compreendido, portanto, como uma nova maneira pela qual as marcas e pessoas se relacionarão com o mundo — e refletirá, diretamente, na jornada de transformação digital.